Indicadores das últimas semanas trouxeram alívio aos mercados globais, despertando otimismo em relação à trajetória econômica. Dados mais favoráveis sobre inflação e mercado de trabalho nos Estados Unidos, além da melhora da atividade na China, contribuíram para dissipar receios de uma desaceleração brusca que demandasse medidas drásticas para conter a inflação, em especial no país norte-americano.
Em outubro, os preços ao consumo nos Estados Unidos permaneceram estáveis, registrando crescimento anual de 3,2% e superando as expectativas. Esses números, aliados a um mercado de trabalho menos agitado, levaram analistas a sugerir que o último aumento pelo Federal Reserve (FED), o banco central de lá, ocorreu em julho. A expectativa, agora, se volta aos próximos comunicados da autoridade monetária.
Já na China, recentes anúncios de estímulo à economia, embora não alterem significativamente o padrão de desenvolvimento mais moderado, injetaram ânimo nos mercados.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), após avaliar os últimos índices de atividade do gigante asiático, elevou as previsões de alta para este ano e o próximo. Em 2023, a economia chinesa deverá crescer 5,4%, em comparação à previsão anterior, de 5%, enquanto para 2024, a projeção passou de 4,2% para 4,6%.
O grande receio dos mercados mundiais de que a robustez da economia estadunidense exigisse novos aumentos nas taxas de juros, provocando uma desaceleração considerável tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, parece, enfim, se dissipar.
Diante da desaceleração evidente no mercado de trabalho e da estabilidade observada na inflação e nos seus núcleos, a expectativa é que o pico das taxas do Fed Funds já tenha sido atingido e que a desaceleração necessária para conter a inflação seja menos intensa do que o esperado.
A expectativa de juros mais baixos antecipa movimentos positivos nos mercados, incluindo os emergentes. O Brasil, diante de uma taxa de juros reais elevada e de um ambiente institucional mais estável, atrai investimentos em um cenário mais líquido.
Apesar do superávit na balança comercial, a condição relativa do País não alcança o potencial pleno graças à incerteza fiscal. Aumentos nos gastos do governo e as dúvidas quanto ao cumprimento das metas — as quais ainda sofrem constantes alterações — geram insegurança e restringem o fluxo de capitais, principalmente para investimentos produtivos.
Não é preciso realizar ajustes fiscais radicais ou cortes abruptos em programas sociais. É necessário apenas um reajuste nas despesas, visando convergir para um déficit primário zero, mesmo mantendo um déficit nominal.
A condição institucional favorável do País requer apenas uma postura mais disciplinada do governo sobre os gastos. Com essa medida, o influxo de capitais e investimentos resultará rapidamente em crescimento econômico e geração de empregos. Mas, para isso, é crucial que façamos a nossa parte.
Fonte: Contábeis